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"Toda separação é a perda de uma ilusão"
(Lidia Aratangy)
Hoje, ao ler sobre separações, fiquei refletindo e gostaria de compartilhar essas divagações. Não pretendo dar uma de psicóloga ou terapeuta, mesmo porque não tenho formação nestas áreas. Trata-se apenas da necessidade de refletir sobre o que observo no cotidiano, na minha vida e na das pessoas que de alguma maneira fizeram ou fazem parte da minha vida. Alguns podem até achar um "atrevimento" da minha parte discorrer sobre as relações humanas sem ter formação adequada. No entanto, ouso fazer isso pela formação adquirida na vida, afinal a vida é uma escola, viver ensina muito, viver é aprendizado.
Então vamos lá...
A frase acima diz muita coisa, porque separar-se de alguém é perder uma ilusão, aliás, uma não, mas várias ilusões. Ilusão de que seria para sempre, que seria sempre perfeito, que nossas escolhas são sempre corretas, definitivas, e por aí vai. Por isso, talvez seja tão difícil se separar. Na verdade ao separarmos de alguém, estamos rompendo com algumas ilusões que construímos dentro de nós, e outras que permitimos que a outra pessoa construísse também dentro dela. Fomos criados para sermos perfeitos, modelos de perfeição, sem falhas, sem erros. Temos sempre que ser filhos perfeitos, esposas e maridos perfeitos, pais e mães perfeitos. Enfim, nos cobram a perfeição dos super-heróis quando na verdade somos somente humanos.
E dentro da nossa infinita condição humana temos o direito de não sermos perfeitos. Temos o direito de amar e sermos amados, assim como o direito de dar um basta quando não somos mais felizes, sem causar uma guerra nuclear entre quatro paredes. Agora, quando alguma das partes tem apego, sentimento de posse, utiliza diversos ardis, estratagemas, chantagem emocional e muito jogo sujo para manter o status quo, manter a posse sobre aquilo que julga lhe pertencer ad eternum, porque é isso que está em jogo, a posse, a famosa zona de conforto, o famoso sentimento mesquinho do "é meu, sempre foi e para sempre vai continuar sendo meu", porque o amor, a paixão e o tesão foram embora faz muito tempo, não deixaram endereço, nem telefone, deixando somente um vazio que só pode ser preenchido com o reconhecimento e aceitação que chegou o fim.
Separar-se de alguém que um dia amamos não é fácil. Mas é importante ter consciência que separar-se não significa zerar o passado, mas sim de valorizar o que foi bom, mas não é mais. E é nessas horas tão difíceis que os nossos valores ficam claros, que aflora o que realmente temos dentro de nós, como realmente somos. Quando a paixão acaba e existe carinho, afeto, respeito e bem querer, pode-se manter um relacionamento saudável, ainda que não dividindo o mesmo teto. Quando duas pessoas bem resolvidas e que acima de tudo respeitam o outro como pessoa, como ser humano, e não como uma “coisa” que lhes pertence, o processo de separar-se é menos conturbado. Separar-se de alguém é difícil mas não precisa ser horrível. É preciso respeito um com o outro, mas maturidade nessas horas é fundamental.
Giu