quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O quati e o amor


Imagem by Traquinagem da Jaku






Lendo Clarice, sempre ela, aquela que sabia com maestria, despertar em nós tantas reflexões e entendimentos sobre as miudezas do cotidiano e dos voos da alma. Estou falando especificamente da crônica amor, na qual ela divaga sobre um homem que trazia pela coleira o seu cachorro. Na verdade, um quati que acreditava ser cachorro.

O mesmo acontece com alguns sentimentos, como o amor, que pensa que é amor mas não passa de cansaço. É mais fácil acreditar no que queremos acreditar do que aceitar a realidade, e, parafraseando Clarice, cabe a cada um de nós reconhecer o martírio de quem está protegendo um sonho e tentar compreender.

O homem jamais dirá ao quati que ele não é um cachorro, para não correr o risco de perdê-lo para sempre. Assim são algumas pessoas, jamais irão admitir que o amor não é mais amor, mas cansaço, porque teriam que encarar a verdade de frente e ter coragem de seguir em frente.

"Mas por dentro não há como a verdade deixar de existir" (Clarice Lispector)

E assim seguia o homem da crônica da Clarice, como seguem tantas pessoas, puxando um quati pela coleira pensando que é um cachorro, confundindo cançaso com amor.

Capturar a essência de Clarice é muito difícil. Tentar dividir com os outros quase uma insanidade. Caso você não tenha entendido nada do que eu tentei dizer, vá e beba Clarice direto da fonte, só assim você entenderá do que e sobre o que estou divagando.

Como eu disse uma vez, Clarice Lispector junto com Adélia Prado e Hilda Hislt são as três marias da nossa literatura. No entanto, só Clarice me faz divagar além dos sentidos, sempre...


by Giu




"Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido..." (Clarice Lispector)




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