sábado, 22 de janeiro de 2011

Dos vícios, alegria e tristeza

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Não se pode ser infeliz, não se pode morrer em vida, não se pode desistir de amar, de criar. Não se pode: é pecado, é proibido. Não é possível adiar a vida."

(Caio F.)


Ao contrário do que se anuncia, o vício da tristeza é muito mais forte que o vício da alegria. Ser triste é limite, certezas, fim. Ser alegre é movimento, buscas, caminho. Como é possível viver abraçado à tristeza por medo de ser triste?

Vinícius cantava "é melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração". Luz no coração é iluminar a alma, desequilibrar certezas, expor fragilidades, capturar o escondido, o que lateja dentro do peito, "não existe nada imutável, absoluto, irrevogável", grita uma voz que vem de dentro.

Mas o medo da alegria paralisa, cega, ensurdece, aprisiona. É o medo o verdadeiro sabotador da alegria, é ele que ajuda na construção de  ardis para que ele prossiga soberano, escravizando. É o medo, falso amigo, quem enfeita os grilhões, o cárcere e faz da tristeza rainha soberana. 

Quem tem medo da alegria, trata a tristeza como um animal de estimação, alimentando-a com rações de dor dia após dia, e assim, ocupados neste ofício intermitente, não há como perceber a alegria que passa tão perto, esbarra, querendo se aproximar. Não há como ser feliz, como produzir novos futuros, vive-se olhando só para trás, lamentando-se, cultivando amarguras.

É claro que é muito mais cômodo manter-se fixo, encarcerado, amarrado à tristeza, do que movimentar-se pela vida, feito beija-flor, de flor em flor, colhendo alegrias e amor.

Eu não. Eu gosto é de alegria, amor. Eu sei ser beija-flor...

by Giu




2 comentários:

  1. É isso mesmo, Jaku.
    Acostumado à tristeza, fecha as portas e janelas, enquanto a felicidade sopra na tentativa de entrar pelas frestas. Até sente a brisa no rosto, e gosta, mas tem medo de ser levado pela ventania.
    Beijos

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  2. Cada alegria, o que pode dar certo, é uma eterna incerteza.

    Aprendemos cedo a lidar com os tropeços e ficamos onde nos parece seguro, sem lembrar que se aprendermos a lidar com uma alegria, talvez ela nunca venha a nos deixar.

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